Eu falo de uma massa
Que não é espaguete,
É um massa crua,
É o menino de rua
Rotulado de pivete
Pela eucação escrava.
Eu falo de uma massa
Que não é macarrão,
É o guri sem teto,
Sem afeto, analfabeto,
Seu colchão é o chão,
Vida de cão sem raça.
Eu falo de uma massa
Que não é massa folhada,
Pede grana n sinal,
So tem folhas de jornal
Contra o frio da madrugada,
Sua pele é sua couraça.
Eu falo de uma massa
Que não é de pastel,
Recheada de vento
E dormindo ao relento
O seu teto é o céu,
Seu recheio, é só carcaça.
Eu falo de uma massa
Que não é ravioli,
Intragável, indigesta,
que a princípio não presta
E que ninguém engole,
E no mole, despedaça.
Eu falo de uma massa
Que não é parafuso,
É o moleque inteligente
Que de tanto solvente
Vai ficando confuso
Enquanto o tempo passa...
Eu falo de uma massa
Que não é panqueca,
Fissurada no crack
A mente sente o baque
Enquanto o corpo seca,
E a vida embaraça.
Eu falo de uma massa
Que não é capelete,
Não tem armas pra luta
Nem força pra discupta,
Por isso nem compete,
Fica vivo por pirraça.
Eu falo de uma massa
Que não é nem um miojo,
Boicotada, atrofiada,
Que não é valorizada
E a elite tem nojo,
Seu paraíso é a praça.
Vem agora e abraça
A massa instantânea,
Que não quer ficar no molho
Mas transcender o teu olho,
Quer tua atitude espontânea,
Vem agora e ABRAÇA!
Carlinhos Guarnieri
Nenhum comentário:
Postar um comentário