Houve um dia
em que não soube mais conjugar os verbos.
Houve um dia
em que não soube mais conjugar o sagrado.
Houve um dia
em que,
simplesmente,
tornou-se profano.
Sem ao menos saber o que seria ser-profano.
Naquele dia, dobrou a esquina
e a guardou no bolso roto da existência.
Houve um dia em que,
da dobra do forro da esquina,
escorreu uma canção.
Ainda teve tempo de vê-la se espalhando
por entre as pedras da rua.
Ela - a canção -
esgueirou-se pelas pernas dos passantes,
tomou seus passos e os levou para dançar.
Enquanto os passos dançavam,
os passantes andavam a canção.
Vendo isso,
com cuidado,
desdobrou a esquina e soltou-a em seu lugar.
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